Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche

Biografia

Khyentse Rinpoche nasceu em 1961, em uma família que ele descreve como “ferrenhamente budista, em um país decididamente budista,” que é o Butão. Aos sete anos, foi reconhecido por Sua Santidade Sakya Trizin como a principal encarnação do incomparável Dzongsar Jamyang Khyentse Chökyi Lodrö, o herdeiro espiritual de uma das mais influentes e admiradas encarnações de Manjushri (o Buda da Sabedoria) no séc. XIX, Jamyang Khyentse Wangpo.

Em uma época em que o sectarismo ameaçava dizimar a tradição budista tibetana, em uma colaboração única com Jamgon Kongtrul Lodrö Taye e Chogyur Lingpa, Khyentse Wangpo foi responsável por iniciar e promover o Rime (não-sectarismo) por toda a Terra das Neves, efetivamente trazendo vida nova para todas as escolas do budismo, e resgatando muitas linhagens que se encontravam à beira da extinção. O atual Khyentse Rinpoche continua movido pelo mesmo ideal, permanecendo fiel às características de cada escola e de cada linhagem que ele possa servir, sem misturar nada, sem omitir o menor detalhe.

Rinpoche também faz questão de promover práticas tradicionais hoje em desuso, especialmente a tradição oral (lung). Por exemplo, no inverno de 2006-2007, ele passou três meses transmitindo o Kangyur (Palavras do Buda) completo para monges e praticantes leigos no Instituto de Dialética Chökyi Lodrö, em Chauntra, na Índia.

Tendo recebido uma extensa e tradicional educação budista, Rinpoche atribui todo entendimento que possa ter da filosofia e teoria budistas aos seus anos de estudo no Sakya College, na Índia. Ele também recebeu o ciclo completo de orientações de prática de mestres vindos de todas as tradições, integrantes da última geração que foi educada no Tibete. Seu principal professor, o mestre que ‘senta no alto da minha cabeça’, foi Kyabje Dilgo Khyentse Rinpoche, hoje uma figura lendária.

No início dos anos 1980, Rinpoche fez sua primeira viagem ao exterior para dar ensinamentos na Austrália; desde então, tem viajado com constância, fundando nesse processo diversas organizações internacionais para apoiar e ampliar o escopo de suas atividades. Siddhartha’s Intent organiza, distribui e arquiva seus ensinamentos; Khyentse Foundation provê o suporte financeiro necessário para realizar suas aspirações; 84000 supervisiona a tradução das palavras do Buda para línguas modernas, Lotus Outreach direciona uma ampla gama de projetos para auxílio a refugiados, especialmente mulheres e crianças abusadas e em situação de vulnerabilidade, e Lhomon Society, fundada em 2010 para promover desenvolvimento sustentável no Butão através da educação, entre outras iniciativas.

Rinpoche é autor de diversos livros sobre budismo, já traduzidos para muitas línguas; por exemplo: ‘O Que Faz Você Ser Budista?’ (2006) , ‘Não é para Felicidade’ (2012) e ‘O Guru bebe Cachaça?’(2016). Ele também é conhecido fora do mundo budista pelos quatro filmes que escreveu e dirigiu: ‘A Copa’ (1999), ‘Travellers and Magicians’ (2004), ‘Vara: A Blessing’ (2012) e ‘Hema Hema’ (2016), e ‘Looking for a Lady with Fangs and a Moustache’ (2019).

O budismo vem sendo atualmente assimilado por uma série de diferentes culturas, na medida em que os ensinamentos do Buda seguem se disseminando pelo mundo. Mas como Rinpoche tem o cuidado de apontar, embora a embalagem cultural que envolve o budismo tibetano seja muitas vezes opcional, o budismo em si não requer nenhuma modernização. Shakyamuni foi um Buda e, portanto, era onipotente; isso quer dizer que, cada palavra que pronunciou, cada tradição que instigou, cada aspecto do seu legado é tão necessário e apropriado hoje quanto o foi no tempo em que viveu. Essa é a mensagem que Rinpoche sempre enfatiza quando dá ensinamentos, focando-se primordialmente na ‘visão’ do budismo, e não no pano de fundo cultural em que essa visão se insere. E Rinpoche não hesita em chamar atenção para o corrompimento e para as falhas que se infiltraram nos caminhos espirituais contemporâneos, nem hesita em expor, com franqueza, os desafios que enfrentam professores e alunos do budismo no séc. XXI.

Linhagem Khyentse

Desde o tempo do Buda histórico até os nossos dias, uma sucessão ininterrupta de grandes seres atingiram a iluminação e se dedicaram a ensinar os outros o caminho que leva ao despertar. O Budismo foi levado da Índia ao Tibet ao longo de diversas gerações, começando com o rei Songtsen Gampo no século VI, sendo finalmente estabelecido como religião de estado com o rei Trisong Detsen no século VIII. No budistmo tibetano há uma tradição difundida de reconhecer a reencarnação dos professores altamente realizados. Essas encarnações são conhecidas como tulkus. Eles nascem por compaixão, e também para levar adiante as responsabilidades da encarnação prévia. Os Khyentses são uma dessas linhagens de tulkus reencarnados.

Jamyang Khyentse Wangpo

(1820-1892)

“Grande carruagem do ensinamento budista inteiro, amigo espiritual que cuida dos estudantes sem distinção, livre de tendências doutrinais, joia da coroa de todos os ensinamentos, suplico a você!” – Jamgön Kongtrul Lodrö Thaye

Jamyang Khyentse, o Grande, nasceu em 1820, sendo considerado como um mestre excepcional – erudito, místico, autor e meditante por excelência. Em sua juventudo viajou por todo o Tibet, recebendo incontáveis ensinamentos espirituais, incluindo linhagens que estavam quase extintas. Ele é conhecido por ter estudado com mais de 150 dos maiores mestres budistas de sua época. Com mais de trinta anos se retirou em uma pequena sala no monastério Sakya em Dzongsar, próximo a Derge no Tibet oriental, onde pelo resto de sua vida praticou e dominou os ensinamentos que recebeu. Muitas vezes ele fez as linhagens reviverem, escrevendo comentários e passando as instruções a indivíduos capazes de mantê-las. Era considerado um dos últimos dos Cinco Reis Tertons, profetizados por Guru Padmasambhava no século IX, e detinha as Sete Transmissões dos ensinamentos tesouro. Ele reuniu trabalhos que formaram 35 volumes, cobrindo todos os aspectos de misticismo e erudição, e também trabalhou muito próximo a seu colega e estudante, Jamgön Kongtrul Lodrö Thaye, no seu trabalho que se tornou famoso como os Cinco Tesouros.

Ele foi uma autoridade em todos os diferentes ensinamentos do Budismo no Tibet, bem como os ensinamentos pré-budistas da tradição Bön. Evitando tendências sectárias, encorajou seus estudantes a apreciar a profundidade de todas as tradições existentes. Essa abordagem ficou conhecida como Rimé, ou movimento não sectário. Seu parinirvana foi em 1892, com previsões de que renasceria em diversas formas.

Jamyang Khyentse Chökyi Lodrö

(1893-1959)

Nascido em 1893, Dzongsar Khyentse Chökyi Lodrö Rinpoche foi reconhecido como uma das encarnações de Jamyang Khyentse Wangpo, e recebeu seu nome por assumir a responsabilidade do monastério de Dzongsar.

Assim como seu predecessor, recebeu ensinamentos de uma variedade de professores, e manteve e propagou muitas linhagens de prática de meditação. Ele expandiu grandiosamente o Khamje College, e sob sua lidernaça o monastério de Dzongsar se tornou um grande centro de aprendizagem.

Quase todos os grandes lamas das tradições Nyingma, Kagyü e Sakya daquela geração receberam ensinamentos deste mestre excepcional. O prévio Chögyam Trungpa encontrou ele quando era jovem, e lembra:

Na nossa chegada [at Dzongsar], descobrimos que haviam mais visitantes do que moradores; haviam vindo de todas as diferente escolas budistas do Tibet, pois o seminário cobria uma grande variedade de ensinamentos. Nos acomodaram no monastério e agendaram um momento com Khyentse Rinpoche para o dia seguinte. Nossa comitiva foi toda na apresentação formal , onde trocamos as tradicionais echarpes, etc., e depois o lama conversou comigo a sós. Sua sala estava exatamente como era no tempo do grande Khyense, e ainda parecia exalar o poder de sua espiritualidade. Khyentse desceu de seu trono e se sentou em uma almofada em minha frente, com um sorriso acolhedor. Havia uma sensação de paz, felicidade e cordialidade em torno dele, mas também um sentido de reverência, suas palavras eram muito profundas. (do livro Born in Tibet, 1966)

Nos anos 1950, Dzongsar Khyentse Rinpoche se estabeleceu no Sikkim, onde se tornou o guru da família real, residindo no monastério do palácio até sua passagem em 1959.

Dilgo Khyentse Rinpoche, Tashi Paljor

(1910-1991)

Dilgo Khyentse Rinpoche nasceu em 1910 e foi reconhecidos pelos grandes lamas Loter Wangpo e Mipham Rinpoche como uma encarnação de Jamyang Khyentse Wangpo. Seu professor principal foi Shechen Gyaltsap Rinpoche, e ele era também o filho do coração de Jamyang Khyentse Chökyi Lodrö. Em sua adolescência e com vinte e poucos anos, esteve em retiro nas montanhas de Kham, logo após sendo encorajado a ensinar.


Chögyam Trungpa escreveu carinhosamente sobre suas memórias de criança a respeito de Dilgo Khyentse Rinpoche:

“Me sinto atraído a ele como se ele fosse meu pai; sendo assim me dirijo a ele sem timidez ou dúvidas. Ele me recebe como a encarnação deu seu próprio guru, e desde criança me traz brinquedos e doces. Ele é bem alto, digno, e nunca parece ter pressa. O que quer que diga é com perfeição, de fato ele supera qualquer um que tenha conhecido; seus escritos são igualmente notáveis, e além disso era um poeta e com o dom de contar histórias encantadoras” (do livro Born in Tibet, 1966)

Nos anos que se seguiram ao êxodo do Tibet, Dilgo Khyentse Rinpoche se tornou um baluarte do sistema educacional budista, e parecia ser uma fonte inesgotável de ensinamentos. Além de ter de modo abundante as qualidades de um mestre espiritual autêntico, ele era o epitome de generosidade e ausência de egoísmo, viajando aonde quer que fosse convidado a ensinar. Dilgo Khyentse oferecia ensinamentos sem fim, desde cedo da manhã até tarde da noite, e levantava sempre cerca de 2 ou 3 horas da manhã para praticar até às 09 horas. Embora estivesse, sem dúvidas, sempre imerso na expansão da sabedoria incondicional, para demonstrar aos seus estudantes como praticar, deu o exemplo de ficar 20 anos em retiro. Rinpoche se tornou o capelão da família real do Butão, bem como tutor de S.S. o Dalai Lama. Por meio de seus ensinamentos e a impressão de muitos livros raros, foi responsável pela continuação de muitos ensinamentos que teriam sido perdidos durante as mudanças culturais do século passado. Construiu estupas e estabeleceu vários centros de retiro e monastérios, incluindo o grande Monastério de Shechen no Nepal. Seus escritos, reunidos, foram publicados em 25 volumes. Seu parinirvana foi em 1991.

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